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Jovens que nunca foram mães também podem colocar DIU/SIU

14 Abr 2022 - 09:00

Jovens que nunca foram mães também podem colocar DIU/SIU

O Dispositivo Intrauterino (DIU) ou sistema intrauterino (SIU) é um dos métodos contracetivos de longa duração que integra a lista de opções à disposição das mulheres. Existem diferentes versões deste objeto em forma de T: uma que pode libertar progestativo (identificado como SIU) ou não contendo nenhuma hormona (DIU). É colocado no útero, podendo ter uma duração entre cinco e sete anos. No entanto, existem dúvidas sobre a aplicação deste mecanismo, principalmente em jovens: pode uma mulher que nunca foi mãe colocar o DIU/SIU?

As três especialistas contactadas pelo Viral afirmam que não existe qualquer impedimento para mulheres nulíparas – ou seja, que nunca estiveram grávidas – colocarem o DIU/SIU. No entanto, as opiniões dividem-se quando se pergunta se as jovens devem ou não usá-lo.

Teresa Bombas, especialista em ginecologia-obstetrícia da Associação Portuguesa de Contraceção, afirma que as “mulheres saudáveis podem utilizar todos os métodos de contraceção, independentemente da idade e do número de gravidezes ou partos”, destacando apenas que a contraceção intrauterina não deve ser usada por “mulheres com malformações uterinas ou doenças do útero que deformem a cavidade uterina”.

Mas de onde vem esta questão? As dúvidas prendem-se com a dilatação do colo do útero. Com o parto vaginal, a mulher dilata esta região para que o bebé possa passar para a vagina. Quando a mulher ainda não passou por essa parte, a colocação do dispositivo poderá ser mais dolorosa. “Uma mulher que já teve filhos e partos vaginais tende a ter o útero ligeiramente maior e com um orifício do colo do útero mais facilmente ultrapassável na colocação do DIU ou SIU”, afirma a presidente da SP Contraceção

No entanto, a especialista garante que “a colocação do DIU/SIU é praticamente indolor ou desencadeia uma dor ligeira, tipo cólica menstrual, que pode ser mais frequente nas mulheres sem filhos”. Sublinha também que essa dor “não constituiu uma limitação” à aplicação deste método contracetivo de longa duração.

Também Margarida Figueiredo Dias, professora na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e diretora da Clínica Universitária de Ginecologia, partilha da mesma opinião médica: “A única diferença que se verifica é que, depois de ter tido filhos a mulher tem, habitualmente um útero maior”. Acrescenta ainda que, em caso de parto vaginal, “o orifício interno do canal cervical – o canal que liga a vagina à cavidade uterina – fica mais permeável, permitindo a aplicação do dispositivo com menos desconforto para a mulher. A ginecologista e obstetra destaca, no entanto, que “existem sistemas intrauterinos que forma especificamente criados para nulíparas”.

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Alexandra Matias, assistente graduada no departamento de ginecologia e obstetrícia do Hospital de São João e professora catedrática na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, reconhece que não existe qualquer contraindicação à aplicação do DIU em mulheres que não tiveram filhos, mas não concorda com a sua aplicação.

“Na minha opinião pessoal, só deveríamos colocar [o DIU] a alguém que já tenha tido filhos”, afirma, justificando que as mulheres nulíparas “não têm o colo do útero dilatado e torna-se bastante difícil e doloroso passar com o bastonete o colo do útero”. “Não me parece um método a eleger em primeiro lugar para mulheres muito jovens que não tenham tido filhos pelo perigo de infeção ascendente e possibilidade de obstrução das trompas uterinas. É uma opinião muito pessoal.”

À semelhança de outros tipos de método contracetivo, o DIU/SIU não provoca infertilidade à mulher nem prejudica uma gravidez posterior. Teresa Bombas explica que “a alteração da fertilidade pode estar relacionada com uma infeção de transmissão sexual, e estas estão relacionadas a ocorrência de relações sexuais não protegidas por um método barreira (preservativo masculino ou feminino)”, identificando ainda o tabagismo, o consumo de álcool ou o uso de drogas ilícitas como comportamentos considerados de risco.

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Existem vários tipos de métodos contracetivos atualmente no mercado. Todos partilham o objetivo principal de evitar a gravidez, mas cada um tem o seu próprio modo de atuação. Para perceber qual o método contracetivo que melhor se adequa a si, deverá procurar aconselhamento junto de um profissional de saúde especializado.

Categorias:

Ginecologia | Gravidez | sexualidade

14 Abr 2022 - 09:00

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